domingo, 11 de maio de 2014

Quando o cinza predomina


Esse é um post para aqueles com estômago forte. Não, não falarei de um tempero exótico, ou mesmo de qualquer tipo de comida. Esse é um post em tom de luto e de homenagem à um povo, que, como muitos outros, foi vítima da História.

A Polônia foi um dos países que mais sofreu com o século das guerras. Extermínio alemão e domínio russo judiaram bastante do país. No entanto, a impressão é que nada disso conseguiu abalar o espírito do povo polonês.

Minha passagem pela Polônia durou 3 dias. Estive na Cracóvia, em Auschwitz e em Wroclaw. Esta última não traz grandes passeios turísticos. Fui lá para encontrar uns amigos.

A Cracóvia é um dos primeiros patrimônios da humanidade da Unesco e pode ser conhecida em um único dia. A Stare Miasto (cidade velha) e o Kazimierz(antigo bairro judaico) são as principais áreas turísticas. 



Na primeira, os destaques ficam por conta da Rynek Główny (praça do mercado) e do Castelo de Wawel. Rodeado por muros de pedra, o centro histórico é formado por várias ruelas em torno da praça do mercado, em que se pode encontrar várias igrejas, lojas e restaurantes. O ideal é caminhar por cerca de 1 hora sem rumo certo, ou, para os mais ansiosos, em direção ao castelo.




O Castelo de Wawel fica em uma colina à uma distância andável da cidade velha e é um dos poucos legados de um passado glorioso e distante da nobreza polonesa. 




Se você for católico, há uma estátua em homenagem ao Papa João Paulo II, em frente à elegante catedral, que conta com túmulos de antigos reis. 


Se você não for, procure pela caverna do dragão de Wawel , uma antiga lenda local. Para todos, a dica é aproveitar a grandiosidade e a vista de um dos locais mais altos da cidade.


O antigo bairro judaico é, na verdade, um grande memorial ao gueto ali construído durante a 2a guerra. Para chegar lá, a melhor opção custo-benefício é o bonde. Procure pela  Praça dos Heróis do Gueto  e sinta o simbolismo dos objetos ali presentes. 

Fonte:Wikipedia. Minha foto não estava boa.

Por fim, procure pela imortalizada fábrica de Oskar Schindler , atentando, ao contrário do que fiz, para os horários de funcionamento do museu.



A minha 2a parada na Polônia foi o Campo de Concentração de Auschwitz. Para chegar lá saindo de Cracóvia, há serviços de ônibus e trens, com horários bem flexíveis e com cada trajeto demorando em média 2 horas. No meu caso, aluguei um carro, pela flexibilidade, preço (muito barato) e pelo itinerário: minha próxima parada ficava na mesma direção.



Na verdade, foram dois os campos de concentração em Auschwitz.  O primeiro era uma base do exército polonês adaptada, enquanto o segundo fora construído anos depois como local explícito de extermínio. Por isso, é muito maior e fez o seu portão ficar conhecido como “Porta do Inferno”. 




Todavia, minha recomendação é estar preparado psicologicamente e privilegiar a visita ao primeiro campo, que é hoje um grande memorial.

Já na entrada , percebe-se que não estamos em um lugar comum. É a triste ironia do slogan do “Trabalho Liberta” que te apresenta um lugar manchado, cinza, onde nunca há sol.



O museu segue organizado da mesma forma que era o campo. Cada prédio corresponde à um grupo específico de pessoas. Cada prédio tem exposições sobre as pessoas que ali passaram. A visita é longa, depressiva e fatigante. Mas, é daqueles lugares que ficam marcados para sempre na sua memória.





Cada prédio é um pedaço de vidas desperdiçadas em nome do nada.  



Malas, sapatos, muros de fuzilamento, câmaras de gás, nomes,... Não espere lembranças positivas desse lugar. Espere apenas lembrar do que o ser humano foi capaz.


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