Esse é um post para aqueles com estômago forte. Não, não falarei
de um tempero exótico, ou mesmo de qualquer tipo de comida. Esse é um post em
tom de luto e de homenagem à um povo, que, como muitos outros, foi vítima da História.
A Polônia foi um dos países que mais sofreu com o século das
guerras. Extermínio alemão e domínio russo judiaram bastante do país. No
entanto, a impressão é que nada disso conseguiu abalar o espírito do povo
polonês.
Minha passagem pela Polônia durou 3 dias. Estive na Cracóvia,
em Auschwitz e em Wroclaw. Esta última não traz grandes passeios turísticos.
Fui lá para encontrar uns amigos.
A Cracóvia é um dos primeiros patrimônios da humanidade da
Unesco e pode ser conhecida em um único dia. A Stare Miasto (cidade velha) e o
Kazimierz(antigo bairro judaico) são as principais áreas turísticas.
Na primeira, os destaques ficam por conta da Rynek Główny
(praça do mercado) e do Castelo de Wawel. Rodeado por muros de pedra, o centro
histórico é formado por várias ruelas em torno da praça do mercado, em que se
pode encontrar várias igrejas, lojas e restaurantes. O ideal é caminhar por
cerca de 1 hora sem rumo certo, ou, para os mais ansiosos, em direção ao
castelo.
O Castelo de Wawel fica em uma colina à uma distância
andável da cidade velha e é um dos poucos legados de um passado glorioso e
distante da nobreza polonesa.
Se você
for católico, há uma estátua em homenagem ao Papa João Paulo II, em frente à
elegante catedral, que conta com túmulos de antigos reis.
Se você não for,
procure pela caverna do dragão de Wawel ,
uma antiga lenda local. Para todos, a dica é aproveitar a grandiosidade e a
vista de um dos locais mais altos da cidade.
O antigo bairro judaico é, na verdade, um grande memorial
ao gueto ali construído durante a 2a guerra. Para chegar lá, a
melhor opção custo-benefício é o bonde. Procure pela
Praça
dos Heróis do Gueto e sinta o simbolismo dos objetos ali presentes.
Fonte:Wikipedia. Minha foto não estava boa. |
Por fim,
procure pela imortalizada fábrica de Oskar Schindler
, atentando, ao contrário do que fiz, para os horários de funcionamento do museu.
A minha 2a parada na Polônia foi o Campo de
Concentração de Auschwitz. Para chegar lá saindo de Cracóvia, há serviços de
ônibus e trens, com horários bem flexíveis e com cada trajeto demorando em
média 2 horas. No meu caso, aluguei um carro, pela flexibilidade, preço (muito
barato) e pelo itinerário: minha próxima parada ficava na mesma direção.
Na verdade, foram dois os campos de concentração em
Auschwitz. O primeiro era uma base do
exército polonês adaptada, enquanto o segundo fora construído anos depois como local explícito de
extermínio. Por isso, é muito maior e fez o seu portão ficar conhecido como
“Porta do Inferno”.
Todavia, minha recomendação é estar preparado
psicologicamente e privilegiar a visita ao primeiro campo, que é hoje um grande
memorial.
Já na entrada , percebe-se que não estamos em um lugar
comum. É a triste ironia do slogan do “Trabalho Liberta” que te apresenta um
lugar manchado, cinza, onde nunca há sol.
O museu segue organizado da mesma forma que era o campo.
Cada prédio corresponde à um grupo específico de pessoas. Cada prédio tem
exposições sobre as pessoas que ali passaram. A visita é longa, depressiva e
fatigante. Mas, é daqueles lugares que ficam marcados para sempre na sua
memória.
Cada prédio é um
pedaço de vidas desperdiçadas em nome do nada.
Malas, sapatos, muros de fuzilamento, câmaras de gás, nomes,... Não espere lembranças
positivas desse lugar. Espere apenas lembrar do que o ser humano foi capaz.