segunda-feira, 26 de maio de 2014

Toronto: The Salad Bowl

Pôr do sol em Toronto, visto do Polson Pier, programa obrigatório!


                                                                        Por Paulo Junqueira*

Olá pessoal,

Vim contar da minha experiência de viagem em Toronto, maior cidade canadense e quarta maior da América do Norte.

Antes de mais nada vamos explicar este título antes que alguém pense que em Toronto só se come salada e que a cidade virou um point da cultura vegana. Toronto é uma cidade hipercultural. Quase 50% da população da cidade é formada de estrangeiros, vindos sobretudo de programas de incentivo à imigração do governo canadense.   Porém, um detalhe que não se observa como em outras cidades norte-americanas é que a população definitivamente não é miscigenada. Dentro da bandeja canadense ainda se observam os ingredientes desta grande salada que se tornou a cidade.

Em um passeio do Leste rumo ao centro, por exemplo, você irá passar pelo Little Portugal com seus talhos lusitanos e tavernas que servem um ótimo vinho do Porto, pelas tratorias do Little Italy e seu ar mafioso e, por fim, pela florescente China Town, filial de Xangai em Ontario, o local mais barato da cidade para comprar frutas e legumes.

Falando em frutas e legumes, vamos ao que interessa: COMIDA!

Para mim, quando você for ao Canadá, você deve focar sua dieta em quatro itens prioritários: Salmão, Salmão, Salmão e..... Maple Syrup, claro! O Salmão é um peixe muito fácil de ser encontrado em todo o Canadá e está sempre bastante fresco. O local que eu mais gostei para compra-lo é o St. Lawrence Market. Localizado na Front St. East com a Jarvis ele possui dois andares de muita comida boa, fresca e barata (ressalto que o conceito de barato em Toronto é bem relativo... a cidade é bem cara!), sobretudo frutos do mar, queijos, frutas e carnes vermelhas. A dica aqui é sempre se mostrar em dúvida entre dois ou três itens para os feirantes. Acredite: ele vai deixar você experimentar todos. E é tanta variedade de salmão defumado que eu literalmente fiquei perdido. Experimentei três e escolhi um de maturação média. 


St. Lawrence Market
Fonte: Google

Agora a Maple Syrup. Queridinha dos turistas no Canadá, o xarope de Ácer (ou Bordo) acompanha muito bem umas panquecas no café da manhã. Ela é feita da seiva da árvore símbolo do Canadá (que a folha está na bandeira do país) e você encontra em qualquer lugar da cidade, inclusive em lojas de souvenir. Eu gostei bastante e recomendo também.

Agora em termos de restaurantes: esqueci o nome de todos! =( Mas as cozinhas mais apreciadas dos canadenses são a Thai, indiana e claro, japonesa. Minha super dica vai para a culinária japonesa. Quando estiver na Yonge St. (a maior rua do mundo) siga para sua esquina com a Dundas St. Lá vai ter um shopping bem bacana: no segundo andar tem um bar de esportes (uma espécie de pub com um milhão de telas passando vários jogos que rolam naquele dia, sobretudo os de hóquei no gelo) e no terceiro o tão famoso japa! O restaurante é sensacional. Os funcionários são todos orientais, toca uma musiquinha ambiente bem bacana,a vista da cidade é incrível, tem gente do mundo todo e você não precisa ficar pedindo pros atendentes trazer sua comida: cada mesa tem seu próprio iPad onde você seleciona os itens que desejar. Todos os pratos são deliciosos. O restaurante é um pouco caro comparado a outras opções na cidade (uns 26 dólares o jantar no final de semana). Caso o seu orçamento esteja abaixo disso, existem diversas outras opções de japonês ao redor do centro, geralmente 8.99 o almoço e 12.99 o jantar. Dólares claro. Canadenses claro. Pertinho desse super top japa tem um no estilo econômico. Esquina da Dundas com Elizabeth (que também é rainha do Canadá).
 
Pra fechar: caso você esteja em Toronto no verão (ou final da primavera) vale a pena curtir uns bares no Distillery District. Várias cervejas artesanais, algumas fabricadas em Toronto mesmo, um visual bem bacana e uma atmosfera bem cosmopolita, no caso, bem Toronto mesmo! =D

Menu de um bar no Distillery District


Paulo Junqueira é um amigo viajante gourmet. Escreva sua experiência gastronômica para a gente também. Todo mundo tem o seu tom gourmet.

domingo, 18 de maio de 2014

Dicas de Buenos Aires

Há sempre um perigo em planejar demais. A viagem mais planejada e mais postergada da minha vida foi para Buenos Aires. E quando tudo deu certo, qual o medo? Não ser nada como esperava. Sonho antigo, Buenos Aires tem ao seu favor a proximidade, os preços das passagens e, graças aos economistas portenhos, as constantes crises cambiais.

Mas preço baixo não justifica viagem. A capital da um dia chamada “Europa da América do Sul” é recheada de atrativos culturais e culinários que fazem jus à quantidade de turistas que passam por lá. E neste ano, finalmente, pude conhecer a capital argentina, comprovar que a viagem vale muito e fazer este post com as mais diversas dicas.



Câmbio

Não troque no Brasil, sob hipótese alguma, mais do que o necessário para as primeiras horas. Tente se informar ao máximo, perguntar a algum amigo ou ao Viajante Gourmet sobre com quem trocar. Sempre vai ter alguém com melhores cotações (inclusive muitos brasileiros). A dica é tentar trocar com alguém com boas recomendações, para não chegar a rua Florida e trocar com a primeira pessoa que você ver. Muitas notas falsas rondam pela cidade.

Transporte

Sempre recomendo conhecer as cidades andando ao máximo (Veja os 10 mandamentos do mochileiro gourmet) . Uma caminha pelos bairros mais ricos da cidade para conhecer um dos inúmeros cafés é uma opção ótima. Mas se o tempo é curto, os táxis são baratos e o metrô é de fácil uso. Tive a necessidade de andar de metrô algumas vezes e sempre foi muito tranquilo. 
 

 É imperdível conhecer 

Casa Rosada

Não deixe de conhecer o Obelisco, Caminito, Teatro Colón, Livraria Ateneu e Puerto Madero. Mas aqui falarei dos lugares que mais gostei, sem ordem de importância.  

Um dos principais pontos turísticos de Buenos Aires, a Casa Rosada vale a visita. O prédio é muito bonito e a cor realmente chama atenção. Mas eu particularmente me diverti com os cartazes de manifestações, com a calmaria da praça e com a bandeira argentina. Pode parecer exagerado, mas ali parece simbolizar toda a turbulenta política/economia do país.



              La Bombonera

             Se você gosta ou não de futebol. Se seu time já sofreu ou não neste estádio, não deixe de visitar. O Boca é daqueles times com história, cheio de ídolos e de uma torcida apaixonada. Por cerca de 60 pesos, é possível fazer a visita ao museu, uma tour pelo estádio e vivenciar um pouco de tudo isso.


Cemitério da Recoleta

     Aos amantes de história e esculturas, aqui é o melhor lugar de Buenos Aires. Símbolo da riqueza argentina do início do século XX, o cemitério é um legado da ostentação portenha, com os mais belos túmulos que você pode imaginar. A melhor forma de conhecer é pelos tours gratuitos que ocorrem a cada hora, onde são contadas as mais divertidas histórias. 


       Feira de San Telmo

       Acordar domingo pela manhã cedinho e caminhar pelas ruas da feira de San Telmo também não pode faltar. Tente viajar em um final de semana, de forma que não perca esta atração. Local perfeito para comprar lembrancinhas, a feira é um pouco da cultura do país, com muitos artefatos de couro e esculturas da Mafalda. Inclusive, vale aproveitar este dia para visitar a Mafalda e tirar uma foto sentado ao lado dela no banquinho.






                   MNBA - Museo Nacional de Bellas Artes / Floraris Generica

                   Sempre deixei clara minha paixão por museus. Se você tem o mesmo gosto, não deixe de conhecer este. Destaque para a variedade de esculturas de Rodin e algumas pinturas de Degas (a entrada é gratuita). Ao lado do museu, um belo gramado com a escultura Floraris Generica ao centro. Uma boa combinação para um meio de tarde em Buenos Aires. 



               Onde comer

               Comer em Buenos Aires é uma das melhores partes. Se o objetivo é uma boa carne, indico o post que já fizemos sobre o Cabaña Villegas. Ainda no Puerto Madero, recomendo o restaurante El Mirassol. . Se for justo comparar as duas cozinhas, acredito que a carne do El Mirassol seja mais suculenta, embora o serviço completo do Cabanã Villegas tenha me agradado mais.


              Mas a culinária portenha tem muito mais. Empanadas deliciosas, sorvetes e alfajor, claro. Para empanadas, recomendo a rede El Noble e a pastelaria El Progreso. Esta última foi um achado em plena Santa Fe, e servem uma empanada folhada sensacional.


               Para sobremesa visitei a sorveteria Freddo. Com a chegada de grandes gelaterias em São Paulo, a rede não me surpreendeu. No entanto, acho que o sorvete de dulce de leche granizado vale muito a pena. É o grande diferencial.


                Onde ficar

               Na minha visita fiquei no hostel Suites Floridas, na rua Florida. A localização é ótima por ficar próximo a vários pontos turísticos e facilitar conhecer a cidade andando. O hostel é muito limpo e organizado, além de ter ótimo preço. Outro hostel muito bem comentado é o Milhouse, também bem localizado e com bons preços. 

              É isso! Boa viagem e aproveite Buenos Aires! Se sobrar tempo, aproveite e conheça Colonia del Sacramento, do outro lado do rio.

domingo, 11 de maio de 2014

Quando o cinza predomina


Esse é um post para aqueles com estômago forte. Não, não falarei de um tempero exótico, ou mesmo de qualquer tipo de comida. Esse é um post em tom de luto e de homenagem à um povo, que, como muitos outros, foi vítima da História.

A Polônia foi um dos países que mais sofreu com o século das guerras. Extermínio alemão e domínio russo judiaram bastante do país. No entanto, a impressão é que nada disso conseguiu abalar o espírito do povo polonês.

Minha passagem pela Polônia durou 3 dias. Estive na Cracóvia, em Auschwitz e em Wroclaw. Esta última não traz grandes passeios turísticos. Fui lá para encontrar uns amigos.

A Cracóvia é um dos primeiros patrimônios da humanidade da Unesco e pode ser conhecida em um único dia. A Stare Miasto (cidade velha) e o Kazimierz(antigo bairro judaico) são as principais áreas turísticas. 



Na primeira, os destaques ficam por conta da Rynek Główny (praça do mercado) e do Castelo de Wawel. Rodeado por muros de pedra, o centro histórico é formado por várias ruelas em torno da praça do mercado, em que se pode encontrar várias igrejas, lojas e restaurantes. O ideal é caminhar por cerca de 1 hora sem rumo certo, ou, para os mais ansiosos, em direção ao castelo.




O Castelo de Wawel fica em uma colina à uma distância andável da cidade velha e é um dos poucos legados de um passado glorioso e distante da nobreza polonesa. 




Se você for católico, há uma estátua em homenagem ao Papa João Paulo II, em frente à elegante catedral, que conta com túmulos de antigos reis. 


Se você não for, procure pela caverna do dragão de Wawel , uma antiga lenda local. Para todos, a dica é aproveitar a grandiosidade e a vista de um dos locais mais altos da cidade.


O antigo bairro judaico é, na verdade, um grande memorial ao gueto ali construído durante a 2a guerra. Para chegar lá, a melhor opção custo-benefício é o bonde. Procure pela  Praça dos Heróis do Gueto  e sinta o simbolismo dos objetos ali presentes. 

Fonte:Wikipedia. Minha foto não estava boa.

Por fim, procure pela imortalizada fábrica de Oskar Schindler , atentando, ao contrário do que fiz, para os horários de funcionamento do museu.



A minha 2a parada na Polônia foi o Campo de Concentração de Auschwitz. Para chegar lá saindo de Cracóvia, há serviços de ônibus e trens, com horários bem flexíveis e com cada trajeto demorando em média 2 horas. No meu caso, aluguei um carro, pela flexibilidade, preço (muito barato) e pelo itinerário: minha próxima parada ficava na mesma direção.



Na verdade, foram dois os campos de concentração em Auschwitz.  O primeiro era uma base do exército polonês adaptada, enquanto o segundo fora construído anos depois como local explícito de extermínio. Por isso, é muito maior e fez o seu portão ficar conhecido como “Porta do Inferno”. 




Todavia, minha recomendação é estar preparado psicologicamente e privilegiar a visita ao primeiro campo, que é hoje um grande memorial.

Já na entrada , percebe-se que não estamos em um lugar comum. É a triste ironia do slogan do “Trabalho Liberta” que te apresenta um lugar manchado, cinza, onde nunca há sol.



O museu segue organizado da mesma forma que era o campo. Cada prédio corresponde à um grupo específico de pessoas. Cada prédio tem exposições sobre as pessoas que ali passaram. A visita é longa, depressiva e fatigante. Mas, é daqueles lugares que ficam marcados para sempre na sua memória.





Cada prédio é um pedaço de vidas desperdiçadas em nome do nada.  



Malas, sapatos, muros de fuzilamento, câmaras de gás, nomes,... Não espere lembranças positivas desse lugar. Espere apenas lembrar do que o ser humano foi capaz.